Casa do menor de Miguel Couto pode fechar as portas - Baixada Viva Notícias

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Casa do menor de Miguel Couto pode fechar as portas

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Se a Casa do Menor fechar, quase 700 jovens em Nova Iguaçu deixaram de fazer cursos profissionalizantes Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

“É assim que queremos vencer a violência, dar chance aos jovens, ser alternativa ao narcotráfico? Estou apavorado”. O desabafo é de Renato Chiera, fundador da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, instituição com sede emNova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que, há 32 anos, atende jovens em situação de vulnerabilidade, com cursos profissionalizantes, abrigos e ações sociais em quatro estados.



Mas o funcionamento da Casa está ameaçado. O pedido de renovação do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (Cebas) foi indeferido pelo Ministério do Desenvolvimento Social. Sem o documento, a entidade perde isenções significativas que representam mais de R$ 800 mil por ano.

— Vivemos de doações, ajudas de entidades, convênios com entes públicos. Como vamos conseguir esse dinheiro? Teremos que fechar as portas ou reduzir o atendimento — lamentou o padre, que esteve na Itália para tentar ajuda financeira.



O padre Renato Chiera fundou a Casa do Menor, há 32 anos Foto: Guilherme Pinto / Agência O Globo

Em mais de 30 anos, a Casa do Menor alcançou mais de cem mil jovens e profissionalizou mais de 60 mil. Na instituição, no bairro Miguel Couto, o clima é de apreensão. Há nove anos, o chef Davidson Costa, de 24 anos, deu os primeiros passos em direção à carreira que tem hoje. Ele também é instrutor do curso de panificação, que lhe abriu as portas na instituição.



— Fui jovem aprendiz, cursei o profissionalizante e a faculdade de Gastronomia, trabalhei em restaurantes e voltei como professor. Se a casa fechar, vai ser um impacto muito negativo — acredita Davidson.

Aluno de Davidson no curso, Rômulo Alves Telles, de 18 anos, tentou a inscrição na aula no ano passado, mas a procura foi muito grande. Desta vez, garantiu o seu lugar. O jovem, que trabalha como auxiliar de escritório, quer seguir os mesmos passos do professor:
— O curso me ajudou a definir o que quero para minha vida. Pretendo cursar faculdade de Gastronomia.


Gabriel Ribeiro Chagas tem 18 anos, mas trabalhava como camelô desde os 15. Morador de Miguel Couto, ele sempre quis trabalhar com automóveis. Há 15 dias, conquistou o primeiro emprego, quase três meses após começar no curso de Mecânica Automotiva na Casa do Menor.

— Camelô não é para a vida inteira. Se não fosse a Casa do Menor, não teria alcançado o sonho de ser mecânico — ressaltou Gabriel, que vai emendar no curso de Elétrica.
Segundo o Ministério de Desenvolvimento Social, a casa do Menor São Miguel Arcanjo teve o seu pedido de renovação do Cebas indeferido, por apresentar documentação incompleta exigida por lei. A pasta está analisando o recurso.


A documentação foi considerada incompleta devido à falta de uma certidão referente à unidade de Alagoas. Agora, a Casa do Menor São Miguel Arcanjo tem que apresentar manifestação da sociedade civil, que pode ser preenchido até dia 29, pela página www.casadomenor.org.br.

A Casa do Menor São Miguel Arcanjo está em quatro estados: Rio de Janeiro, Alagoas, Ceará e Paraíba. Nas quatro unidades, são 164 funcionários remunerados. Com o Cebas, a Casa do Menor ganha isenções. Entre elas, de encargos trabalhistas, que somam R$ 58 mil por mês.

Desde 2005, já passaram pela instituição 1.654 aprendizes, que tiveram a primeira experiência profissional na Baixada a partir da Casa do Menor. Só na unidade de Miguel Couto, são 686 jovens nos cursos profissionalizantes. 



Ao todo, a instituição tem dez casas, entre abrigos e casas-lares. Os abrigos podem ter até 20 jovens. Já nas casas-lares, dez. Nas casas-lares, há pedagogos, psicólogos,e assistentes sociais à disposição.



Via Extra


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