O racismo e o machismo remanescentes no Brasil se veem refletidos nos poucos representantes das minorias a chegar ao poder. Desde a Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, apenas 15 mulheres conseguiram chegar à Mesa Diretora. Todas se autodenominaram brancas ou não souberam informar a raça, com exceção de Rosângela, que se inscreveu como "preta", e Mariana Carvalho (PSDB-RO), que se disse "parda", na legislatura passada. Fora da Mesa, entre os 513 deputados federais em ativa, apenas três são mulheres negras. Somente 16 parlamentares se declararam pretos, ou seja, 3% do total da casa, em uma população onde 56% dos brasileiros são negros, segundo dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
"Espero e luto todos os dias para que o Brasil, como país miscigenado que é, abra mais espaços para negros e negras que, com muito trabalho e competência, possam mostrar o seu valor", disse a deputada federal Rosangela Gomes.
Para a professora Kelly Quirino, da UnB (Universidade de Brasília), a desigualdade racial no Congresso é uma reflexão do imaginário brasileiro, em que pretos ocupam espaços de serventes, enquanto os brancos estão na chefia. Primeiro o negro tem que lutar para sobrevivência, depois para se qualificar. Aí, tem que convencer que pode entrar em um partido, ser eleito e provar que tem conhecimento e capital político para ocupar os cargos. Kelly Quirino, professora especializada em raça e gênero Ela relembra que, por conta da história escravocrata, não há famílias tradicionais negras na política brasileira. "É um esforço três vezes maior que o preto tem que fazer [na política]."
Histórico masculino A primeira voz feminina que chegou à Mesa Diretora da Câmara foi Lúcia Viveiros (PP-PA), na 46ª legislatura. Entre as 15 mulheres na bancada, apenas uma foi eleita como primeira-vice-presidente, segundo maior posto na hierarquia das Casas, ocupado na época por Rose de Freitas (ES), hoje senadora pelo MDB. Durante a Assembleia Constituinte, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) conseguiu a vaga de suplente, mas, apesar de negra, não registrou etnia na ocasião Para a professora, a sociedade brasileira é racista, mas, sobretudo, sexista e machista.
"Essas pessoas são pioneiras, quando uma mulher chega para ser secretária, ela já entendeu como funciona o modus operandi e tem que mostrar a outras como chegar lá e facilitar o caminho", concluiu.
Via UOL Notícias
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