Vinte anos após brilhar nas telas do cinema como “Neguinho” no aclamado filme Cidade de Deus, o ex-ator Rubens Sabino da Silva hoje vive em situação de rua na Região Serrana do Rio. Visto por moradores dormindo em calçadas e praças da cidade, Rubens enfrenta a dura realidade do abandono, da exclusão e da invisibilidade — um destino comum a muitos artistas periféricos que não encontraram apoio para seguir carreira.
A imagem contrasta com a força de sua atuação no longa indicado ao Oscar, que projetou o cinema nacional para o mundo. Na época, Rubens tinha apenas 17 anos. Hoje, com mais de 40, ele é mais um entre milhares de brasileiros sem moradia, lutando pela sobrevivência diária.
Rubens é um dos muitos jovens oriundos de comunidades que participaram de Cidade de Deus sem experiência prévia, mas com talento de sobra. O filme, lançado em 2002, se tornou um marco do cinema nacional e abriu discussões sobre violência, desigualdade e representatividade. Para Rubens, no entanto, o sucesso não se traduziu em oportunidades duradouras.
Em entrevistas anteriores, ele revelou ter recebido pouco pelo papel e não ter tido qualquer acompanhamento após o fim das filmagens. Sem estrutura, sem rede de apoio e enfrentando problemas, acabou se distanciando da carreira e mergulhando em anos de instabilidade.
Moradores de Petrópolis relatam que Rubens é visto com frequência nas ruas do Centro Histórico, mas poucos reconhecem sua trajetória. Muitos não sabem que aquele homem de olhar distante já foi parte de uma das maiores produções do cinema brasileiro.