Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltaram às ruas neste domingo (3), em dezenas de cidades brasileiras, em uma onda de protestos marcada por duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e mensagens de agradecimento ao presidente norte-americano Donald Trump. Os atos ocorreram poucos dias após o anúncio de sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e ao ministro Alexandre de Moraes.
Com convocações realizadas por líderes da oposição e figuras influentes da direita, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o pastor Silas Malafaia, as manifestações se espalharam por 62 municípios, ganhando força principalmente em capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador, Campo Grande, Belém e Natal.
“TrumNaro”, bandeiras estrangeiras e discursos exaltados
Em meio a camisas verde-amarelas, orações públicas e faixas com apelos por “liberdade”, as manifestações também chamaram atenção pela profusão de bandeiras dos Estados Unidos e de Israel. Cartazes com os dizeres “BolsoTrump”, “Obrigado, Trump” e até “TrumNaro” foram erguidos por apoiadores que tratam o republicano como um aliado internacional da pauta conservadora.
Mesmo com os riscos econômicos envolvidos, muitos manifestantes celebraram a decisão de Trump de aplicar sanções contra o governo brasileiro e o ministro Alexandre de Moraes. O gesto foi interpretado como apoio direto ao movimento bolsonarista.
Bolsonaro participa por chamada de vídeo
Embora impedido judicialmente de sair de casa nos fins de semana, Jair Bolsonaro apareceu remotamente em ao menos duas manifestações: uma na Avenida Paulista, em São Paulo, e outra em Copacabana, no Rio de Janeiro. Por meio de chamadas de vídeo, o ex-presidente cumprimentou apoiadores, acenou e evitou declarações incisivas, enquanto os presentes entoavam gritos contra o STF.
Líderes da oposição elevam tom contra Judiciário
Em São Paulo, Nikolas Ferreira usou o trio elétrico para criticar abertamente o Supremo. “Queremos tornozeleiras para quem rouba aposentado. Para corruptos. Para o Lula”, afirmou. Ele também atacou o ministro Alexandre de Moraes diretamente: “Sem a toga, você não é nada.”
No ato do Rio, Flávio Bolsonaro acusou o STF de promover perseguições políticas e afirmou que o Brasil “pede socorro por liberdade”. O governador Cláudio Castro (PL-RJ) e o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), também marcaram presença nos atos de suas respectivas cidades.
Ex-primeira-dama e filhos de Bolsonaro ampliam participação
Em Belém, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro discursou ao lado de lideranças religiosas e fez duras críticas ao governo Lula, chamando o presidente de “mentiroso e irresponsável”. Carlos Bolsonaro esteve em atos no Sul, incluindo Florianópolis e Criciúma, reforçando sua articulação como pré-candidato ao Senado por Santa Catarina. Já Eduardo Bolsonaro participou de reuniões fechadas em Brasília e acompanhou os atos à distância.
Rogério Marinho lidera protesto no Nordeste
No Rio Grande do Norte, quem conduziu o protesto foi o senador Rogério Marinho (PL), líder da oposição no Senado. Diante de centenas de apoiadores, defendeu a anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro e afirmou que “liberdade de expressão não pode ser confundida com crime”.
O ressurgimento das manifestações pró-Bolsonaro, agora em um cenário de tensão diplomática com os EUA, escancara a tentativa da direita de reconstruir seu capital político e reverter o desgaste judicial enfrentado por suas lideranças. Com Trump sendo exaltado como símbolo global da resistência conservadora, os protestos reforçaram o alinhamento ideológico entre os dois ex-presidentes e seus seguidores.